Aqui em Cuba
existem hospitais psiquiátricos do tipo asilares e manicomiais. Considerei fantástica
a honestidade e a prudência como tem sido feita a redução do número de
pacientes nos manicômios dos anos 1980 para os dias de hoje. Para isso ocorrer
é feito um trabalho junto as famílias e outros entes da comunidade para
reinserção comunitária dos pacientes, articulando medidas de incentivo ao trabalho e ou atividades
ocupacionais. Aqui em Cuba se entende que não adianta desospitalizar os
pacientes do manicômio de longa data sem criar mecanismos comunitários de
desinstitucionalizacao. Como estratégia de modelo substitutivo aqui se organizou
a atenção a saúde mental integrada com os consultórios de família. Médicos e enfermeiros
de família são capacitados para manejar o cuidado de saúde mental no território
e possuem retaguarda dos policlínicos que também fazem parte da atenção
primária (contando com psiquiatras de adultos e crianças, psicólogos,
enfermeiros e técnicos). Também existem os centro comunitários de saúde mental,
semelhantes aos nossos CAPS no Brasil, sendo que aqui além de fornecer retaguarda
mais especializada também fazem busca ativa de casos de saúde mental e se
comunicam com os consultórios de família e com os policlínicos de cada área de saúde.
Ou seja, se a integralidade não der conta de um lado os outros serviços
solidariamente ajudam. Aqui se defende que o paciente não pode se perder.
Existe um centro de cuidados para deambulantes (pessoas que vagam pelas ruas)
para que se forneça tratamento além de busca ativa das famílias. Aqui, os
hospitais gerais tem serviço de psiquiatria e psicologia para dar retaguarda as
crises com leitos de internação transitória. No Brasil, isso só existe no
papel. Aqui existe uma conduta de uso racional de psicofármacos. São tentadas
todas as ferramentas clinicas e comunitárias para o cuidado dos pacientes e da
sua família, só medicando quando necessário e sob acompanhamento rigoroso da dispensação
e da renovação dos medicamentos. Uma das psiquiatras me disse que aqui se usa
racionalmente os medicamentos psicofármacos porque são caros, produzem muitos
efeitos colaterais e também porque os profissionais de saúde não podem ter seus
diagnósticos manipulados pelos interesses das grandes corporações farmacêuticas
que para cada dificuldade da vida tem um remédio. Mais uma das importantes lições
que estou levando e sigo aprendendo com a ilha socialista...
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