Diários de Cuba

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Diários de Cuba parte 11






Aqui em Cuba existem hospitais psiquiátricos do tipo asilares e manicomiais. Considerei fantástica a honestidade e a prudência como tem sido feita a redução do número de pacientes nos manicômios dos anos 1980 para os dias de hoje. Para isso ocorrer é feito um trabalho junto as famílias e outros entes da comunidade para reinserção comunitária dos pacientes, articulando medidas de incentivo ao trabalho e ou atividades ocupacionais. Aqui em Cuba se entende que não adianta desospitalizar os pacientes do manicômio de longa data sem criar mecanismos comunitários de desinstitucionalizacao. Como estratégia de modelo substitutivo aqui se organizou a atenção a saúde mental integrada com os consultórios de família. Médicos e enfermeiros de família são capacitados para manejar o cuidado de saúde mental no território e possuem retaguarda dos policlínicos que também fazem parte da atenção primária (contando com psiquiatras de adultos e crianças, psicólogos, enfermeiros e técnicos). Também existem os centro comunitários de saúde mental, semelhantes aos nossos CAPS no Brasil, sendo que aqui além de fornecer retaguarda mais especializada também fazem busca ativa de casos de saúde mental e se comunicam com os consultórios de família e com os policlínicos de cada área de saúde. Ou seja, se a integralidade não der conta de um lado os outros serviços solidariamente ajudam. Aqui se defende que o paciente não pode se perder. Existe um centro de cuidados para deambulantes (pessoas que vagam pelas ruas) para que se forneça tratamento além de busca ativa das famílias. Aqui, os hospitais gerais tem serviço de psiquiatria e psicologia para dar retaguarda as crises com leitos de internação transitória. No Brasil, isso só existe no papel. Aqui existe uma conduta de uso racional de psicofármacos. São tentadas todas as ferramentas clinicas e comunitárias para o cuidado dos pacientes e da sua família, só medicando quando necessário e sob acompanhamento rigoroso da dispensação e da renovação dos medicamentos. Uma das psiquiatras me disse que aqui se usa racionalmente os medicamentos psicofármacos porque são caros, produzem muitos efeitos colaterais e também porque os profissionais de saúde não podem ter seus diagnósticos manipulados pelos interesses das grandes corporações farmacêuticas que para cada dificuldade da vida tem um remédio. Mais uma das importantes lições que estou levando e sigo aprendendo com a ilha socialista...

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